Aprovado na última semana pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado, segue para Câmara um projeto de lei que prevê elevação de 30% no salário de porteiros e vigias de condomínios, classificada como “adicional de periculosidade”.
A proposta levanta controversas, a começar pela justificativa. O problema com a segurança é uma realidade em todo o país. As políticas públicas neste sentido ainda são insuficientes para garantir tranquilidade à população. Está nas ruas, no comércio, na porta das casas e, sim, algumas
Foto:
vezes a criatividade e a ousadia dos assaltantes conseguem colocam à prova até mesmo o arsenal de segurança dos condomínios residenciais e comerciais, onde trabalham os porteiros e vigias.
Mas como ficam, então, os demais profissionais sujeitos a sofrer este tipo de ação dos criminosos? Infelizmente, absolutamente todos nós estamos expostos, não se trata de exclusividade de porteiros e vigias que justifique um aumento salarial. Não nestas bases.
Ao invés de “gratificar” estes profissionais pelo risco a que estão expostos, deputados, senadores e demais governantes deveriam se ocupar de colocar ordem nas inúmeras questões que envolvem a segurança dos cidadãos, direito previsto na própria Constituição Federal, ao lado de outros também negligenciados. Investir no combate à criminalidade e ao policiamento em geral, mas também no acesso à educação, saúde e trabalho, fatores que colocam brasileiros na marginalidade, transformando jovens em bandidos.
Outro ponto: de que forma a elevação salarial poderia coibir a ação dos criminosos e atacar, efetivamente, o problema? Diante dessa realidade, cabe aos condomínios investir em segurança, tanto por meio de equipamentos como de treinamento para que porteiros e vigias estejam preparados para agir preventivamente a este risco que é de todos. Também os moradores de condomínio têm papel nessa questão, com o compromisso de ter atenção ao entrar e sair dos edifícios, obedecendo às regras e zelando pela segurança nos momentos em que lhes cabem.
É o ônus que o setor privado e toda a população têm que pagar pela falta de segurança, uma responsabilidade pública.
Fábio Kurbhi é vice-presidente da Associação de Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC).
Clique aqui para ver o link desta matéria
