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Reintegração força desocupação de condomínio invadido

Aproximadamente cem famílias que ocupavam irregularmente os cinco prédios do condomínio Ilhas do Sul, no Central Parque, foram obrigadas a sair dos imóveis no início da manhã desta terça-feira (06), durante o cumprimento da decisão judicial que autorizou a reintegração de posse e mobilizou um efetivo composto por dezenas de policiais militares. O forte esquema de segurança garantiu a desocupação pacífica dos 140 apartamentos cujos moradores foram transferidos para casas de parentes ou encaminhados ao abrigo da Prefeitura.

“Eles já estavam cientes desde a reunião que tivemos no dia 18 de janeiro, com uma representante dos moradores que foi ao quartel. A data inicial era 2 de março, mas devido a impossibilidade de deslocar as assistentes sociais que trabalhavam no atendimento às vítimas de enchentes na cidade não foi possível. Tentamos expor que se tratava de uma ordem judicial e que seria cumprida de qualquer forma”, explicou o Major Tardelli, que pela segunda vez comanda uma ação deste tipo, sendo a primeira no Jardim Santo André 2.

Às 6h50 uma oficial de justiça entrou no condomínio escoltada por aproximadamente 20 PMs. O grupo de militares foi recebido por assessores políticos do deputado estadual Raul Marcelo (Psol), que mediaram o contato com os moradores.

Em uma rápida reunião, os moradores decidiram permitir a retirada dos móveis. Em cada apartamento entravam um oficial de justiça e um policial. Só era permitida a permanência de uma pessoa da família em cada apartamento para reunir documentos, objetos de uso pessoal e supervisionar o trabalho dos funcionários da transportadora contratada. Os móveis eram colocados em caminhões-baú e levados para os locais que cada morador indicava ou ao galpão alugado pela construtora responsável pela ação, a Multimil. O fornecimento do transporte dos móveis e a locomoção dos moradores em ônibus e vans foram exigências da Justiça para que reintegração fosse viabilizada. Uma equipe de 24 assistentes sociais da Secretaria da Cidadania (Secid) foi deslocada até o condomínio para auxiliar nas mudanças e oferecer o abrigo do Serviço de Obras Sociais (SOS). Além da PM também havia unidades de resgate do Samu e Corpo de Bombeiros, conselheiros tutelares e representantes da Zoonoses.

Inconformados

Durante a retirada dos móveis houve tensão e nervosismo. Duas mulheres precisaram de socorro nas unidades do Samu. Uma aposentada de 65 anos ameaçou pular da janela do quarto andar enquanto o local onde a filha morava era esvaziado. Na entrada dos prédios, os ocupantes que ficaram do lado de fora protestavam e discutiam com os policiais contra a condição de apenas uma pessoa ficar no apartamento para a retirada dos móveis e eletrodomésticos. Portas, pias e tanques também foram retirados às pressas.

Pai de dois filhos, de 11 e cinco anos, Rodrigo Alves dos Santos estava preocupado com o destino da família. ‘Não precisava de tudo isso, não somos bandidos. O que estão fazendo é uma falta de respeito, porque estava tudo abandonado, com usuários de drogas e vândalos. Depois que arrumamos com nosso próprio esforço e passamos a cuidar mandam sair. Não é justo”, desabafou o segurança que morava há seis meses num dos prédios.

Desolação

A faxineira Delci Aparecida Pires, de 48 anos, estava no trabalho quando foi informada pelo telefone que a polícia estava no condomínio. Chorando e sem saber para onde ir com o marido e os quatro filhos, tentou a entrar no apartamento, mas foi barrada na entrada do prédio pelos PMs. “Eu tinha esperança de ficar. Só que hoje essa esperança morreu. Meu barraquinho no Jardim Ipiranga está com meu filho e a família dele. Não tenho outro lugar para ficar”, reclamou.

Entre os mais de 200 moradores há também os que vieram a Sorocaba em busca de oportunidades de trabalho. Segundo levantamento da Prefeitura, 80% das pessoas são de outras cidades. Como é o caso de Vânia Ferreira, de 23 anos. Em novembro do ano passado ela saiu de Campinas com seus dois filhos, de sete e quatro anos para morar no condomínio. Agora pretende recorrer à mãe, que atualmente reside no Jardim Abaeté. “Achei que daria certo, mas infelizmente eu não desisti enquanto havia tempo”, disse aos prantos consolados pelo filho que a abraçava.

O advogado Claudio Dias Batista, que há uma semana representa as famílias, esperava conseguir ainda na tarde desta terça-feira, do Tribunal de Justiça de São Paulo, a suspensão da liminar que autoriza a reintegração, pois até às 17h apenas 17 mudanças estavam concluídas. Ele recorreu à decisão do juiz de Sorocaba que negou a suspensão e recorreu em segunda instância, justificando que a reintegração de posse não poderia ser praticada, baseando-se no fato de que a construtora havia abandonado os prédios há mais de 20 anos, portanto não tinha a posse dos imóveis. Ainda de acordo com Batista, os moradores se propuseram a aderir a um financiamento, mas a construtora Multimil, com escritórios em Barueri, se nega a tratar do assunto e informa no processo que pretende demolir os prédios daquela área. “Os moradores sequer tiveram a oportunidade de serem ouvidos pela justiça”, protestou. (Por Thiago Arioza)

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