Torcedores de Corinthians, São Paulo, Palmeiras e outros times devem colocar suas divergências de lado nesta terça-feira (15) para torcer juntos pelo Brasil contra a Coreia do Norte na sala montada pelos condôminos dos edifícios São Miguel e Santa Maria, no Ipiranga, Zona Sul de São Paulo.
Sempre que há jogos de campeonatos nacionais na TV, moradores dos dois edifícios de classe média saem às sacadas para provocar os adversários. Desta vez, entretanto, todos estarão juntos em uma mesma sala para torcer pelo Brasil. O mesmo já aconteceu nas Copas de 2002 e 2006.
Todos as sacadas dos apartamentos e até as árvores do jardim do condomínio foram decorados em verde e amarelo. O principal exemplo de unidade entre os moradores, independentemente do time para o qual torçam, é uma bandeira gigante pendurada no vão de mais de 20 metros entre os dois edifícios e que exige manutenção quase diária para desenrolar o tecido leve agitado pelo vento.
O corintiano Bruno Soares Barbosa, de 21 anos, e o são-paulino Daniel Pereira Soares, de 24 anos, contam que normalmente se enfrentam todas as vezes que seus times estão em campo pelo campeonato brasileiro ou paulista. “Rola um xingamento, seguido de nomes como galinha, bambi ou porco”, dependendo de quem fala e a quem se dirige, diz o bancário Bruno.
Moradores dos prédios afirmam que os xingamentos são genéricos, partem das sacadas e se dirigem ao conjunto dos torcedores adversários, a ninguém em particular.
“As pessoas saem às sacadas e fazem comentários como ‘toma frangueiro'”, diz Daniel. Segundo ele, os não corintianos do condomínio apoiaram a decisão de Bruno de estender a bandeira entre os dois prédios. “Ele deixou uma cartinha para quem quisesse participar”, conta.
Daniel diz que embora a rivalidade tenha pausa, todos tendem a “puxar a sardinha” para o próprio clube ao comentar o desempenho dos jogadores. “A gente torce mais para o próprio clube do que para a seleção”, afirma. Bruno discorda. “Na verdade, nunca tive essa experiência. Ninguém critica este ou aquele jogador por ser deste ou daquel time.”
Na sala de video montada especialmente para os jogos da Copa, os moradores poderão ver a rara união entre torcedores que passam o ano se enfrentando. “No dia do jogo, todo mundo se abraça”, diz Daniel.
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