Para proprietários de empresas do setor, não houve elevação do número de devedores em função da pandemia
A pandemia do novo coronavírus trouxe como consequência mortes e muitos casos de infectados em Jundiaí e região, mas os danos não foram somente na saúde e sim na economia, principalmente informal. Entre os reflexos diretos estão o aumento do desemprego e a falta de renda para milhões de pessoas no Brasil. Apesar deste cenário sombrio, em Jundiaí o que se esperava como tendência era um possível aumento da inadimplência de moradores em relação às taxas de condomínios, mas essa situação surpreendentemente para os administradores (destas empresas) que lidam com este segmento, não ocorreu.
Além das contas básicas como energia elétrica, água e gás, o condomínio é uma obrigação, por muitas vezes, ‘pesada’ em termos de custos para quem optou em viver em condomínios habitacionais, priorizando segurança e praticidade. No entanto, o nível de devedores não teve crescimento neste período. É o que aponta José Marcos Ferreira da Silva, sócio-proprietário da Móbile Administração de Condomínios, que em Jundiaí e outras três cidades da região (Itupeva, Louveira e Vinhedo) cuida de 16 mil condomínios, de diferentes tamanhos. “Não houve aumento da inadimplência na nossa avaliação. A média foi mantida. Sempre tem casos específicos de devedores mais antigos, mas entendemos que Jundiaí é uma das poucas cidades com muitas indústrias e as pessoas continuaram trabalhando neste período complicado de pandemia. Em alguns casos, poucos, mas específicos, referentes aos meses de abril, maio e junho, tiramos a multa e os juros de alguns moradores que nos solicitaram e fizemos um parcelamento”, conta José Marcos. Para ele, é importante ressaltar que o fundo de reserva dos condomínios, mesmo suspensos, não servem para quitar despesas ordinárias. “Eles podem ser suspensos provisoriamente desde que a assembleia determine. Aí essa arrecadação, que gira em torno de 5 a 10%, é paralisada e a taxa mensal do condomínio apresenta valor menor”.
Adimplência
Na avaliação de Marcelo Roncoletta de Campos, proprietário da Positivo Administradora de Condomínios, o momento foi de surpresa para o setor. “Por incrível que pareça houve uma diminuição da inadimplência e o crescimento da adimplência. Cuidamos de 60 condomínios entre Jundiaí e Cajamar. Alguns deles, de alto padrão e outros, do sistema da Caixa Econômica Minha Casa Minha Vida, e observamos o pagamento correto e em dia da maioria das pessoas neste período”, aponta Marcelo.
De acordo com ele, o perfil dos moradores dos condomínios de padrão médio e baixo é do setor terciário, das indústrias, que não deixaram de trabalhar mesmo com os impactos negativos do coronavírus. Marcelo relata também que alguns condomínios, dos quais são administrados pela Positivo, o fundo de reserva foi paralisado e a taxa condominial teve diminuição do valor. “Se o indivíduo pagava R$ 1.200,00 no condomínio, sem o fundo de reserva, passou a pagar R$700,00, mas não foi necessário em todo o sistema habitacional que nós gerenciamos”.
Já na Torres Administradora de Condomínios, responsável por 30 empreendimentos na cidade, o ritmo foi estável. “Não tivemos aumento dos devedores nesta época. Houve alguns casos de moradores que solicitaram prorrogação do prazo de pagamento de 30 a 60 dias nos meses de julho e agosto, mas não chegamos a enviar a cobrança deles ao nosso escritório de advocacia. Fomos flexíveis e procuramos entender a situação de cada um”, explicou Natália Alves, funcionária do setor administrativo da empresa.
