Índice acumula alta de 1,86% nos últimos 12 meses. Há dois anos, quando parte do mercado cogitou a troca pelo IPCA nos contratos de locação, o resultado era de 32%
Em fevereiro, o Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M), que serve de referência para o mercado imobiliário, registrou queda de 0,06% contra a alta de 0,15% em janeiro e, agora, acumula uma evolução de 0,15% no ano e de 1,86% nos últimos 12 meses (IGP-M), de acordo com a Fundação Getúlio Vargas. E, na primeira prévia de março, aparece caindo mais 0,20%.
Como comparação, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,84% no mês passado, acelerando em relação ao resultado de 0,53% de janeiro e registrando o quinto mês seguido de crescimento. Com isso, o índice registra nos últimos 12 meses 5,60% (IPCA).
O quadro é inverso aos últimos dois anos, quando o IGP-M sofreu com a conjuntura internacional e, excepcionalmente, subiu mais do que o IPCA. O resultado pontual e totalmente fora da curva levou uma parte do mercado a cogitar a troca dos índices para o reajuste do aluguel, como sugestão fácil e simplória.
“Foi uma sugestão precipitada e sem base técnica. Historicamente, está provado que o IGP-M reflete com muito mais precisão as variações econômicas do mercado imobiliário e é a referência que devemos utilizar”, afirma o presidente da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC), José Roberto Graiche Júnior.
Ele destaca que a alta anormal do IGP-M ocorreu por conta da desorganização da economia mundial provocada pela pandemia, ou seja, um cenário improvável que deve ser visto como exceção e não regra. “São eventualidades que exigem bom senso e abordagens específicas para a situação. Não podemos alterar uma regra que funciona em 99% do tempo para atender ao 1%. Se tivéssemos alterado o índice em 2021, o que faríamos agora? Mudar novamente? É importante ressaltar que alertamos isso por um longo tempo. Prevenimos que a melhor forma dentro desta conjuntura era sempre a negociação e que os proprietários e imobiliárias estavam dispostos à negociação”, explica o presidente da entidade.
O executivo lembra que no período de anomalia do IGP-M, a solução foi negociar. “O mercado percebeu que não fazia sentido reajustar os contratos em mais de 30% e todos sentaram para conversar e chegar a um número razoável”, conta.
Graiche compreende que a variação dos índices voltou ao normal e que o IGP-M segue cumprindo com eficiência o papel de equacionar os custos do mercado. “E, nas situações extremas, a negociação inteligente e séria serve como calculadora para reajustar os contratos e acomodar os interesses de acordo com a realidade da economia”, diz.
Sobre a AABIC: A Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC) é uma entidade com 44 anos de atuação na formação qualitativa do mercado de administração e locação de imóveis. Conta com cerca de 90 empresas associadas, que administram 16 mil condomínios e mais de 60 mil imóveis locados, onde vivem cerca de 5,1 milhões de pessoas. As associadas da AABIC são responsáveis pelo emprego de 115 mil pessoas no setor, contabilizando os funcionários de operação nas empresas até o contingente de colaboradores contratados para executar as rotinas dos condomínios. Fundada em 1978, a AABIC busca cumprir com excelência e rigor sua principal missão: orientar a administração de bens imóveis e condomínios em suas atividades. Com gestão voltada para o aperfeiçoamento contínuo da qualidade dos serviços de orientação e treinamento, a associação trabalha pela valorização do segmento no mercado imobiliário.
