Pesquisa feita em São Paulo constatou que bairros da zona sul têm o custo mais alto da cidade. Zona leste é mais em conta
O reajuste dos contratos de aluguel não é o único custo que vem pesando no orçamento das famílias que não tem imóvel próprio e pagam locação.
O preço do condomínio e do IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana) podem superar 80% do valor do aluguel na cidade de São Paulo, segundo uma pesquisa feita pelo QuintoAndar, startup de tecnologia que aluga e vende imóveis residenciais.
Os bairros da zona sul são os que concentram os maiores valores de condomínio e IPTU na cidade em comparação com o preço do aluguel.
Já as zonas leste e norte têm os bairros em que essa relação é a menor na cidade. Em média, os paulistanos dessas regiões representam o equivalente a 35,14% do aluguel
O Parque Real é o bairro da zona sul que tem o maior custo relativo ao condomínio e IPTU: 82% do preço do aluguel.
Portal do Morumbi, Panamby, Morumbi e Vila Sônia aparecem na sequência, todos com taxas superiores a 80%.
O levantamento da Quinto Andar também mostrou que os custos total de taxas como condomínio e IPTU “são um desafio financeiro na hora de alugar um imóvel”.
Os principais fatores que influem nos valores de aluguel e de condomínio são diferentes.
No caso do preço do aluguel, procura e demanda são os principais influenciadores, seguidos
por características do imóvel e seu estado de conservação.
No caso das taxas condominiais, o que influi mais são os gastos com funcionários, manutenção e conservação de áreas comuns, como elevadores, áreas de circulação, piscina e espaço gourmet.
De acordo com o levantamento da plataforma, 23,3% dos inquilinos do Real Parque gastam mais com essas contas do que com o custo mensal de locação.
No Portal do Morumbi, 20,1% dos locatários estão nessa situação, vivenciada por 14% dos inquilinos do Panamby.
Na capital paulista, 2% dos inquilinos do Quinto Andar pagam mais de condomínio e IPTU
do que no aluguel em si.
O percentual é menor do que o registrado no Rio de Janeiro, onde 3,4% dos locatários estão nessa situação.
A série de altas do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) vem gerando reajustes abusivos nos contratos de alugueis, fazendo donos de imóveis e inquilinos renegociarem valores e imobiliárias e administradoras imobiliárias alterarem o indexador de correção dos novos contratos.
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) vem sendo o indicador mais escolhido para a renovação ou assinatura de novos contrados.
Mais de 60% dos acordos de locação firmados desde novembro de 2020 na Quinto Andar, startup de tecnologia que aluga e vende imóveis residenciais, têm como correção o IPCA.
“Quando começou a série de altas do IGP-M sentamos com inquilinos e proprietários para intermediar a negociação, mostrando que o descolamento do indicador com o comportamento da inflação oficial não seria bom para a relação deles”, diz José Osse, head de comunicação do Quinto Andar.
Osse afirma que tanto locadores quanto locatários viram com bons olhos a solução.
Atualmente a Quinto Andar tem 120 mil contratos vigentes – entre velhos e novos – tendo o IPCA como indexador. Por mês, quase 11 mil acordos são fechados pela companhia com o mesmo indicador.
“A aceitação de substituição do IGP-M, que era tradicional na assinatura dos contratos de aluguel, pelo IPCA vem sendo grande. Porém, sempre mostramos a possibilidade de proprietário e inquilino optarem por outro indicador”, afirma Osse.
Outra empresa, o Grupo Lello, administradora de condomínios e imóveis, também vem utilizando o IPCA como indexador dos contratos de aluguel desde janeiro deste ano.
Moira Toledo, diretora de risco e governança, diz que ao propor a alteração a companhia só teve retorno positivo de ambas as partes.
Segundo levantamento feito pela Lello mostra o seguinte cenário entre outubro de 2020 e julho deste ano:
• 30,64% dos contratos de aluguel não foram reajustados;
• 31.67% dos acordos foram corrigidos pelo IPCA;
• 29.91% optaram por um reajuste alternativo entre IPCA e IGPM; e
• 7,95% optaram pelo reajuste integral pelo IGP-M.
O IGP-M acumulou alta de 32% em 12 meses, calculado até abril de 2021. Com isso, contratos de aluguel com aniversário nos meses que o indicador registrou alta sofreram esse percentual de reajustes.
Paralelamente, no mesmo período, o IPCA, que calcula a inflação real do país, acumulou alta de 5,20%.
A Câmara dos Deputados aprovou no dia 7 de abril, por maioria de votos, o regime de urgência para o Projeto de Lei nº 1026/21, que solicita a troca do IGP-M pelo IPCA nos contratos de aluguel.
Por causa da solicitação de urgência, o PL poderá ser votado nas próximas sessões do plenário.
Paralelamente a isso, entidades que representam lojistas de diversos segmentos entrassem com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a alteração do indicador que corrige os contratos de locação.
Isso significa autorizar a substituição automática do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) como indicador para a aplicação dos contratos de aluguel
Ao todo, 23 entidades representativas do comércio varejista assinam a ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), uma espécie de ação que tem por objetivo pedir ao STF evitar ou reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato do poder público.
Do outro lado da ponta, Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de SP) Abrainc
(Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) e outras entidades do setor afirmam defendem a livre negociação entre as partes.
“Locador e locatário não são obrigados a indexar o IGP-M no contrato. A negociação é livre no Brasil. O que não podemos admitir é que venha controle estatal sobre as relações privadas”, diz José Augusto Viana Neto, presidente do Creci.
Pesquisa revela que 66% das famílias brasileiras estão endividadas, algo que reflete diretamente na necessidade de negociar o aluguel
Segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada em janeiro de 2021, 66% das famílias brasileiras estão endividadas, algo que reflete diretamente na necessidade de negociar o aluguel. Analisando este contexto, a Arbo Imóveis, marketplace do mercado imobiliário, listou seis dicas para orientar a negociação do aluguel.
Veja a seguir
Confira:
1- Construa relações de confiança
Para iniciar a negociação com mais chances de sucesso, é necessário que a relação entre inquilinos e proprietários seja baseada em confiança mútua. Isso facilita as tratativas na hora de resolver determinados problemas, principalmente em um momento de crise econômica. Caso o imóvel tenha sido alugado por intermédio de uma imobiliária e você percebeu que as contas vão ficar muito apertadas, vale a pena procurá-la com antecedência. Explique a situação com clareza e a empresa certamente estará aberta a conversar para encontrar a melhor solução.
2- Reúna bons argumentos
Na hora de negociar o aluguel, é importante ter um argumento consistente para demonstrar ao outro lado a sua situação financeira e convencê-lo a entrar em consenso.
3- Mostre que sua renda foi reduzida
Se ainda mantém os pagamentos em dia, mas está com dificuldades de cumpri-los, apresente ao proprietário ou à imobiliária o tamanho desse prejuízo. Há pelo menos duas opções para lidar com esta situação: A primeira é propor o congelamento de algumas parcelas por um prazo definido. Após esse prazo, o pagamento do valor das parcelas congeladas seria diluído nas mensalidades seguintes. Essa estratégia também serve para os aluguéis que já estão em atraso. A segunda possibilidade é propor uma redução temporária no valor das mensalidades. Em muitos casos, os inquilinos conseguem abatimentos entre 20% e 50% do aluguel. Caso seja esse o caminho escolhido, tenha cautela na negociação e não ameace deixar o imóvel por falta de acordo, pois o proprietário pode ficar irredutível e complicar ainda mais sua situação.
4- Reforce que você é um bom inquilino
Existe uma importante vantagem nas negociações, caso você seja o tipo de inquilino exemplar, que cuida bem do imóvel, paga as mensalidades em dia e está nele há muito tempo. O proprietário certamente não vai querer te perder para colocar um desconhecido no lugar. Por isso, reforce essas características e ressalte a relação de confiança mútua, que já existe a tanto tempo. Este tipo de argumentação certamente trará bons resultados, porque, para o locador, não faz muito sentido trocar o certo pelo duvidoso em um momento de crise.
5- Reconheça que a negociação é importante
A essa altura, o ideal é que você já tenha na cabeça uma proposta bem definida para fazer ao outro lado. Entretanto, é importante reconhecer que ele também tem suas necessidades e certamente já tem sua própria proposta a fazer. Por isso, mostre-se sempre disposto a ouvir as diversas possibilidades e a analisá-las com calma.
6- Controle as emoções
Quando nos deixamos levar pelas emoções, podemos ter atitudes intempestivas que só servem para criar conflito. Na hora de negociar aluguel, falhar nesse aspecto pode criar um ambiente tão negativo e tornar as tratativas insustentáveis. Por mais que as divergências pareçam grandes, o caminho para alinhar as expectativas é manter uma postura positiva. Evite falar alto demais ou demonstrar nervosismo, pois isso deixa o interlocutor na defensiva. Na pior das hipóteses, o outro lado pode se sentir tão acuado que simplesmente não haverá mais condições de dialogar.
Embora a lei não obrigue imobiliárias e proprietários a reduzirem o valor do aluguel determinado em contrato, um diálogo transparente pode ajudar muito, pois o momento atual atinge a todos.
