Nos últimos anos episódios de furtos e roubos de bicicletas dentro dos condomínios residenciais, em São Paulo, mais que dobraram na capital. Os principais alvos dos criminosos são as bicicletas como também de motocicletas ou objetos de valor dentro dos veículos, que ficam estacionadas nas garagens térreas ou nos subsolos dos prédios. Os assaltantes, que agem em grupo, em dupla ou sozinhos, conseguem superar a barreira de portões eletrônicos, câmeras de segurança e até dos cadeados e correntes que são usados para fixar os veículos. Essas quadrilhas são chamadas de ¨gangue da garagem¨. As estatísticas mostram que, nos dois últimos anos, o aumento de notificações para esse tipo de crime aumentou em 130% em 2021, e 60% em 2022. Em 2022, a capital paulista registrou o maior número de ocorrências de bicicletas furtadas e roubadas nos últimos cinco anos: foram 3.795 casos, o que representa 11,1% a mais que em 2021 (3.415 ocorrências). Deste total, de quase 3,8 mil ocorrências registradas em 2022, 264 aconteceram dentro de condomínios residenciais, totalizando 373 bicicletas. Esses dados foram levantados pelo Estadão em junho de 2023.
Mais uma vez observamos que os bandidos se aproveitam da fragilidade nas entradas dos condomínios para invadirem o prédio. Nos acessos de veículos deve-se tomar um cuidado especial uma vez que é um local de alta vulnerabilidade nos prédios. É aconselhável que os prédios possuam sistema de enclausuramento (duplos portões) e que estes sejam intertravados entre si, de forma que somente se abra o posterior após o fechamento do anterior, isso para se ter uma segunda barreira a fim de dificultar a invasão forçada por este ponto. Além disso, é imprescindível que se tenha travas especiais e reforçadas instaladas junto aos portões, que podem ser do modelo de pinos com solenoides que são enterradas na parte de alvenaria, do chão e/ou nas laterais, como também pode-se instalar fechaduras ou travas de eletro imã, de alto poder de empuxo, no mínimo com 300 kgf, de maneira que bloqueiem e impeçam o seu arrombamento. É necessário adaptar o reforço dessas travas para que sejam compatíveis a cada sistema de abertura dos portões quer seja basculante, deslizante ou mesmo o pivotante. Tais entradas devem ser monitoradas por câmeras de CFTV além de possuírem sensores de alarmes nos portões e que estes sejam ligados a sirenes, tudo ativados em centrais de monitoramento. Os locais de fixação das bicicletas também devem ter sensores de alarmes.
Os gestores dos condomínios devem estar atentos para que a manutenção dos equipamentos não tenha falha, quer seja a preventiva ou mesmo a corretiva, para que funcionem corretamente e de forma que não causem surpresas no momento de necessidade e urgência. Acrescido a isto, deve-se treinar os funcionários para terem consciência para identificar situações suspeitas e terem conhecimento de como acionarem a polícia em situações emergenciais.
Agindo-se preventivamente é que se poderá minimizar esses riscos e dificultar o acesso daqueles que querem se aproveitar dessas vulnerabilidades e nos fazer vítimas de suas artimanhas.
JOSÉ ELIAS DE GODOY
Oficial da PMESP, especialista de Segurança em Condomínios e autor dos livros “Manual de Segurança em Condomínios’’ e “Técnicas de Segurança em Condomínios”. Maiores informações pelo elias@suat.com.br